quinta-feira, junho 25, 2015

texto colectivo "o milagre das rosas"

..
REEDIÇÃO do TEXTO DO NOSSO COLECTIVO
do CONTROLE CENTRAL DE RESERVAS DA TAP.
SENTADOS À VOLTA DA MESA, NA ANTIGA SALA
DE CONVIVIO , ESCOLHIAMOS UM TEMA, CADA
UM DAVA UM PALPITE SOBRE ELE, UM DE NÓS,
QUASE SEMPRE O CASCADA, NO FINALZINHO
ESCREVIA A SÍNTESE DO BRAINSRORM.

Este texto que aqui deixo hoje, foi um dos que mais êxito teve:

TEXTO COLECTIVO "O MILAGRE DAS ROSAS OU ASCENÇÃO E QUEDA DA ARAGONEZA DOS MILAGRES


texto de qualidade
O MILAGRE DAS ROSAS
ou
A ASCENSÃO E QUEDA DA ARAGONEZA DOS MILAGRES


.
Corre o anno domini de 1285
Estamos na capital do Reyno de Portugal onde tudo vai bem e nada vai mal.
Amanhece. Com a brisa leve e cheirosa do Mar da Palha correm badaladas e acordes de cantochão pela atmosfera límpida. Esvoejam passarinhos em derredor dos campanários e o mosquedo infesta a urbe fedorenta.
Brincam meninos nos becos, namoram sopeiras pelos balcões, engalfinha-se a moçada pelos terreiros em justas de grossa porradaria. Queimam-se bruxas nas praças, zurzem-se putas e ladrões, vendem-se cachuchos e cabras, pilecas , escravas e tudo, uma velha sopra num canudo e um frade barrigudo vende bulas a tostão..
No castelo tremulam flâmulas e ceroulas. Passam cavaleiros de pendão e da Sé sai uma procissão. à frente vai o Prior, atrás dele o sacristão de vela acesa na mão; seguem-nos trinta velhas coxas e marrecas entoando cantochão. Depois a Sagrada Congregação das Escravas do Sagrado Coração.
Nos arcos do Hospital de Todos os Santos arrastam-se coxos e gafos exalando pestilências; os insanos berram insolências aos passantes e uma velha de ares importantes vende castanhas, chupa-chupas, boletas e outras iguarias tamanhas.
E o alcaide Marchueta, bêbado da pingoleta, enfrasca-se c'as barregãs numa tasca ao pé do Paço.
No Paço tremula o pendão dos borgonhas, região de boa pinga e terra natal dos antepassados de El-Rey.
No terreiro agita-se a turbamulta dos vendilhões e das varinas, das criadas e moços de estrebaria, de mistura com caraveleriros de Cacilhas, mercadores de Veneza, mesteirais pançudos, aprendizes escanzelados, almocreves, mouros de Rabat-Salé, turistas do Texas e cobradores de impostos.

De por entre o tumulto avulta uma festiva roda de meninos queques. Uns muito frics nos seus briais de jeans e balandraus Yvo São Laurêncio esgarçam os fundilhos pelos degraus da estátua; outros meio zonzos da pedrada engrolam cantigas da Joana Baez e do François Villon ao som de pífaros de pau e corno.É a clientela habititual de Isabel de Aragão, nome de solteira da ex-mulher de um industrial de panificação e viúva de um pastor luterano de Bronx, a mesma que El-Rey encomendara para o seu leito num dia de grande ressaca.
De entre eles, uma donzela muito pintada e dengosa, estilo avenida da Cidade Eterna, clama pela raínha:
-Oh Isabiel, Isabiel! Dê cá uma passa que a menina tá p'ssiessa!...
Isabel muito chanada, dormita tapada com o manto de chamalote, encostada à grade do urinol. Acorda c'a corôa à banda.
-Chata! Acabou-se a erva. Espere! (e arrotou).Assoou-se ruidosamente à faixa de Miss Aragão 1263, uma velha faixa de linhagem já muito ruída da traça, queimada das beatas e cheia de nódoas de caldeirada.
-Ai caraças! Onde é que estarão os putos do Diniz?!!
-João Afonso, ó João Afonso!
Os três bastardinhos saiem de trás do carrinho de um mercador de pevides.
-Oh Afonso! A Santinha tá a chamar. Grita um deles, ruço e com a ranhaça a cair-lhe no beiço.
-Binde cá ó bastardinhos! Ide mui asinha à minha alcova no Paço e trazei-me o misterioso pacote que está na prateleira do penico. não leixeis que el-rey bosso paizinho bos beja senão bamos todos de cana. Ide, ide asinha!
Na sala de armas el-rey joga à carica com o escanção dom Raposão Mendes, sob o olhar oblíquo e ciumento do palafreneiro Don Quicas de Vilariques - vulgo Quiquinho das Pilecas, e do Bispo de Coimbra, que lia boquiaberto os títulos da "Gazeta do Paaço":
.
-"O MESTRE DE CALATRAVA HÁ TRÊS MESES QUE NÃO CAGAVA?"
-"O PAPA CLEMENTE DEU TRÊS TRAQUES DE REPENTE"
-"O GRÃO DUQUE ESTANISLAU CHAMUSCOU O PIRILAU"
-"A IRMÃ DE MAOMÉ ERA VIRGEM,JÁ NÃO É"
-"O GRÃO MONGOL TEM O CÚ EM CARACOL".
.
O Bispo engasgou-se ,teve um trovejante ataque de tosse e comentou:
-Isto está cada vez pior! Já um cristão bem pensante não pode sair à rua!...
-Quem é que não pode sair à rua? Inquiriu el-rey.
-Sou eu meu Senhor, sou eu, ...Acovardou-se o Bispo.
-A propósito. Tenho que ir à rua. Palafreneiro! Sela-me já aí uma azémola para eu ir à Adelaide do Beco das Naus! De caminho traz-me os falcões que me ofereceu o Duque da Saxónia. Vamos dar um jeito aos pombos do Rossio.
-O Duque da Saxónia tem uma grande caximónia...
Casquinhou o truão Canelas empoleirado num trenó Queen Anne, vulgo Quinéne.
.

-Um dia ainda te dou cabo dos guizos. Resmungou o palafreneiro a abeberar na ciumeira.
Entretanto irrompe pela sala o Afonsinho IV com a Constâncinha pela mão:
-Ó pai a infantinha tá a chorar!
Àparte do truão:
-Pudera, tem a corôa cheia de ferrugem!
-Desempachai-me o caminho que tenho um negócio de Estado, ide-vos aporrinhar a avó Brites!
Para aumentar o chavascal entra o Ouvidor das Alfandegas:
-Senhor , a nau do Barreiro encalhou no Mar da Palha. Ainda ficamos sem pitrol pró jantar, já lá se foram trinta pipas barra fóra...
E Dona Cunegundes Amaro, alcoviteira-mor , aproveitando a deixa com um sorriso de esverdinhada e pérfida satisfação:
-Alteza! O Infante D.Afonsinho anda a fazer barquinhos de papel com os mapas do descobrimento das Canárias!

-Ponham-me esse barrasco a ferros! E não me lixem mais a real mona que vos degredo a todos para o QCM fazer kápapontos
Pausa em que o rei calça as luvas de pele de cão.
-Oh não, só me faltava mais esta!!! Que me quereis irmãnzinha?
Tratava-se de Irmã Gaspara do Santo Socorro dos Aflitos, secretária da raínha. Lavada em lágrimas gemia:
-Senhor, senhor. Sua Alteza a raínha está outra vez chanada. Ai valha-me Santo Inácio de Loyola, que triste exemplo para os infantinhos! E assoava-se às às fraldas e desfiava o rosário. Àparte do bobo:
-Santo Inácio de Loyola tem macaquinhos na tola!
-Que me dizeis? Sobressaltou-se el-rey.
-É verdade Senhor. Fungou ela.Assim mesmo os bastardinhos levaram um pacote de liamba para o terreiro onde se levantava grande alarido.
-Ah, essa vaca aragoneza...Assim que lhe tiram o cangote pira-se logo do Paço.,
-Oh Condestável! Onde está o meu Condestável?
Entra o Condestável de lança e montante .Um azeiteiro especializado unta-lhe as dobradiças da armadura.
-Condestável de Atouguia, organizemos já uma expedição punitiva ao terreiro. Precisamos de recuperar a Rainha para o sistema!
-O Visconde de Atouguia apertou o papo à tia! Bolsou o truão..
-Tragam-me o trono. Trombeiro Mor, manda tocar a reunir. Gritou o Rey. De repente entra na sala um jerico espanhol, arrastando com uma grande chiadeira o trono gótico de Afonso Heniques, El-Rey sentou-se endireitando a coroa ,afogueado.
-Tragam-me os mapas! E confidencialmente:
-Chegue-se cá ó Condestável! Olhe, você ataca pelo Arco da Rua Augusta com os seus alabardeiros que eu com os meus archeiros ataco pelo lado do Ministério da Marinha. O sargento Raminhos vai pelo Campo das Cebolas com a peonagem, enquanto o Conde de Andeiro ataca pela Rua do Arsenal... e diga à minha sogra que não venho jantar.
-O Conde de Andeiro tem um furo no traseiro. Soltou-se o truão.
O boato começou a correr
Às onze horas o povoléu começou a agitar-se ante o aparato bélico que se aprestava para o ataque.O boato começou a correr que a Rainha estava outra vez chanada. Pouco depois surge Don Diniz seguido de grave e façanhuda comitiva. Logo atrás do Rey, o Primaz de Braga resplandescente de lantejoulas, rendas de bilro, misssangas e pechisbeques. Depois o Meirinho-Mor D.Mendo de Guedes Vaz, enorme, granitico e bruto como um penedo; o Ouvidor dos Azeites D.Paio de Oliveira, o Fiscal das Farinhas Fernão Gorgulho de Trancoso, o Governador da Casa das Indias, o Juiz de Fóra, D,Nuno Nunes, gentil -homem de Paço D'Arcos, que só aparecia para banquetes e solenidades, o representante da Casa dos Vinte e Quatro - que na hora eram só vinte e dois-pois dois estavam com baixa da Misericórdia por via da lepra,,o inspector Paredes da Real Polícia Judiciária,O Núncio Apostólico D,Giovanni Firenzesco della Cinecità, a Abadeza das Ursulinas Dona Brites Freitas do Amaral; Doutor Jorge Campinos, Ouvidor para o turismo e cruzadas; dez frades do Covento da Madre de Deus;dez freiras descalças de Chelas e por fim o bobo Canelas todo torcidinho e a babar-se gritando em voz roufenha:
-A Princesa de Aragão batia pudins à mão.
Ao ver-se rodeada de tanta aventesma a Rainha para disfarçar desatou a assobiar a "Aldeia da Roupa Branca" com um olho na merda e outro no infinito. A peonagem rompe em gargalhadas. O Primaz arreia com o báculo na tola do sargento de alabardeiros .Faz-se um silêncio sepulcral. D.Diniz cospe a hóstia elástica com que preparava o hálito para a Adelaide e grita:
-Que estás aqui a fazer minha cabra Aragoneza, minha chanada?
A Rainha mui bêbada da pedrada e como se não fosse nada com ela, perguntou:
-Ó truão, que horas são? Já são horas da zaragatoa?
-Isabieeeeeel! Berrou el-rey, .Num me escutais? -Pois não Senhor El-rey Dom Diniz , putanheiro-mor deste Reyno! Que se passa? A Adelaide não vos avia hoje? E a Grácia? E as minhas três açafatas e a ama dos bastardinhos? Só vos lembrais de mim para me desviar da virtude?..Olhai estes pobrezinhos tão famintos e descalcinhos. Se não fora a ervinha com que os domestico que seria de vós meu príncipe de ópera bufa, meu Don Juan de alcáçova, meu janota de barbacã? Ide-vos a plantar couves para Leiria que já vos tardam os pinheiros que encomendastes ao Duque de Urbino.
Àparte do truão:
-O Duque de Urbino tem o pirilau pequenino...
-Senhora, insiste D.Diniz noutro tom., aconselho-vos a recolher ao Paço. Sois Rainha de Portugal! E num assomo de imperialismo:
-Talvez imperatriz do Brasil!...
Àparte do truão:
-A Imperatriz do Brasil come papas por um funil
-...ou obrigais-me a usar da força!Insistiu o rei ,apontando a soldadesca.
Pânico entre os hippies da Rainha.
-Ninguém arreda pé!! Grita Isabel com a veia do pescoço inchada. E agora quereis-me levar de cana?!Experimentai! Se algum destes marmanjões me fila, faço um terramoto em 1755, que vai tudo pró galheiro...
-Leixai-vos mas é de merdichelices e mostrai-nos o que levais no regaço!
-Senhor, tratais-me como se retornada fosse. Trazeis mandato de busca?
-Cuidai que chamo o meirinho!
Ao Primaz dá-lhe o abafarete, enquanto o truão, montado na marrequinha do Monsanto faz gestos obscenos sobre a cabeça de El-Rey.
-É a última vez que vos aviso. Que escondeis nas fraldas?
-São malmequeres| Respondeu Isabel com maus modos.
-Senhora| A História diz que são rosas....(segredou-lhe o Bispo).
-São rosas meu Senhor, são rosas! Precipitou-se ela corando. E das pregas do manto tombam em cascata:

-trezentos e noventa e sete "Swatch" da treta.
-Dois quilos de liamba
-Um maço de Pall-Mall que tinha sido pall-mado
-Dois pacotes de AC Virgínia Type
-Uma iluminura a côres do Zuza
-Um psaltério ferrado onde ela apontava os telefones das amigas
e
-1 penso higiénico usado
Finalmente o sacana do milagre!
Uma exclamação imensa atroa o terreiro. A turba agita-se como se tivesse chegado o Mantorras. Há desmaios, gritos, chiliques, fanicos e apoplétes. Acendem-se e apagam-se luzes multicôres. O urinol explode em nuvens de fumo amarelo e vermelho que desenham no ar gigantesco cartaz : GLÓRIA À CAMARADA ISABEL DE ARAGÃO. Faz-se ouvir um côro celestial com música de Frederico Valério:
.
Três tampax
um Modess
uma toalha de bidé
prá Rainha se limpar
da cabeça até ao pé .

Raínha (soprano solo):

Água fresca
do Mondego
água fresca que o Rei não pagou
no castelo
lava o rego
e outras coisas que não me alimbrou

Ó Isabel, minha Santa! Gagueja o rei.
O Primaz cai de joelhos e a mitra enfia-se-lhe até ao pescoço. Ajoelha-se a multidão e reza e canta como num alucinante final de revista. E tudo aquilo era uma imensa confusão de coros, gritos, traques, arrotos, fados e guitarradas, árias de óperas, assobios, Te Deuns e missas cantadas.
Dos telhados do Ministério do Exército descem anjos de camuflado e grandes cabeleiras brancas tocando guitarra eléctrica. Um zepellin gigantesco emerge majestosamente do Castelo de São Jorge rebocando uma feérica aurora boreal de papel pintado. Dos lados do Montijo surje uma esquadrilha de passarolas despejando títulos

do tesouro sobre a multidão. O cavalo de D.José abre as asas e decola levando o rei e o marquez para as nuvens onde chocam fragorosamente com o Pai Natal. Caiem no Mar da Palha. Do topo do Arco da rua Augusta desce o senhor Salgado Zenha de cabeleira e vestes talares. Espalha pétalas de rosa entre os seus fiéis e repete alarvemente:
-Ut sit omnibus documento! Ut sit omnibus documento!

No quartel do Carmo disparam-se vinte e um trons ao mesmo tempo. E com tão má pontaria que arrebentaram com a estátua de Maximiliano do México e mataram uma velha no Hospital de Todos os Santos.
O Campo das Cebolas floriu e o escudo subiu na Bolsa de Londres. Na outra banda, o Cristo Rei bateu as palmas e, alçando as saias, dançou um furioso flamenco com castanholas e tudo.
E veio o côro do São Carlos e cantou árias da "Tosca", e veio o "Verde Gaio" e dançou o "Tanque das Patas", e a Amélia Rey-Colaço, envolta em brumas wagnerianas, aportou às colunas num bergantim com motor-fóra-de-borda, e veio o senhor António Vitorino de Almeida que executou Chopin num cadafalso de marca Steinway, as irmãs Meireles a cantar Guillaume de Machaud, e o senhor Jorge Peixinho montado num elefante azul a dirigir uma orquestra de tachos e ferrinhos..
E o entusiasmo por causa do milagre foi tal que D.Diniz nâo resistiu e cantou aquela, a única que ele sabia:

Ai frores, ai frores do verde piño
se sabeis novas do Manuel Alegre
Ai Deus e u é?

Ai frores, ai frores do verde prado
se sabeis novas da Nau Catrineta
para pôr a salvo o meu sapato...

E a raínha com os seus hippies:

-JEEESUS CHRIIIIIIIST SUPERSTAR!!!!!

E o Ivo Cruz desancava a orquestra.
.
f i m

Realização de Herlander Peyroteo
Fotografia de Augusto Cabrita
Luminotécnica de Jim
Adereços de Pórtico e Altamira
e
o incomensurável talento de José Cascada

FESTIVAL DE CURTAS SMART IN THE PARK,SHORT CUTS

.
REALIZOU-SE NO PARQUE EDUARDO VII
O 1º.FESTIVAL DE CURTAS "SMART IN
THE PARK" SORT CUTS.



Numa iniciativa dos irmãos MIGUEL E PEDRO MELO, DINA FELIX DA COSTA E DINIZ NETO, e com o patrocinio do CENTRAL PARQUE KIOSK, realizou-se no
Parque Eduardo VII em Lisboa, o 1º.FESTIVAL DE CURTAS "SMART IN THE PARK, SHORT CUTS".



Com pré apesentação no 5 PARA A MEIA NOITE, no turno de NUNO MARKL com os irmãos MIGUEL E PEDRO MELO


O lusco fusco dava lugar ao escuro, o sinal para que na tela tudo começasse...


E foi numa muito agradável noite de Primavera-Verao, com inicio no famoso Lusco Fusco inventado pelo Ricardo Araujo Pereira, que o impagável MIGUEL MELO, anunciou ,naquele jeitão que é só seu, ao Festival , mimando o que seria uma apresentação formal dum Festival "a sério"...


E numa telinha montada junto ao CENTRAL PARK KIOSK, começaram a ser passadoas as 24 curtas em competição, já em pos lusco-fusco mode----

...que lutaram pelos 3 primeiros grandes valiosos Prémios em disputa, que aguçaram o apetite, a motivação dos realizadores em concurso,

1º.PRÉMIO - 250 EUROS plus 1 PATO DE DOURO (em porcelana)
2º.PRÉMIO - O NOME DO PREMIADO NUMA PIZZA , a ser confecionada de acordo com os ingredientes nomeados pelo concorrente
3º.prémio - 1 GARRAFA DE VINHO PATO D'OURO

Uma a uma ,as curtas foram passando no telão, após o que o miguel melo anunciou que o juri se ia reunir para o veredito final


E ,enquanto se reunia o conlave , o MIGUEL MELO, entrou numa de entertainer ao mais alto nível


não deixando nenhum espaço vazio" no auditório


sempre com sentido de espectáculo.

E o juri reunido
RITA BLANCO (Presidente e desempata curtas), VITÓRIA GUERRA,DINIS NETO e DAVID ALMEIDA....

decidiu atribuir o 3º.Premio à curta "CURTO" de MARGARIDA MELO,

que ganhou 1 garrafa de vinho PATO D'OURO, e uma enorme e carinhosa salva de palmas.

E veio de decisão da atribuição do 2º.Prémio anunciada pelo MIGUEL MELO: "MY FOOTBALL LIFE" de MIGUEL HERDEIRO


que a recebeu das mãos do DAVID ALMEIDA

a curta "MY FOOTBALL LIFE"




O Prémio que é a cara do Miguel, UMA PIZZA com o nome MIGUEL HERDEIRO a ser incluida no Menu do CENTRAL PARK KIOSK, e com os ingredientes por ele escolhidos.


emocionado ,não conseguiu articular o discurso "oscariano" ....

A curta vencedora seria "LAÇOS" de LEE FUZETA

pelo LEE FUZETA,ausente, receberam o Prémio os seus amigos.



Ainda foi possivel contacto telefónico com o vencedor ,que emocionado agradeceu o Prémio, o PATO D'OURO

...e um enorme cheque de 250 euros


Foi uma noite de estrelas e de muita animação ,que se espera se repita.


Encerro convidando o pessoal que tenha em casa a MEO, a pegar no comando , a clicar no botão verde, e quando aparecer o canal MEO, digitar o nº.345990 e clicar Ok.
Aí estará a aceder ao KANAL CASA DAS PRIMAS, e poderá ver imagens do SMART IN THE PARK em plataforma TV

quarta-feira, junho 24, 2015

CIMEIRA DOS MENINOS

.
ESTE MÊS, O NOSSO ENCONTRO INSTITUCIONAL VAI
TER LUGAR EM BENFICA NO RESTAURANTE OS MENINOS



CIMEIRA DOS MENINOS
Vamos ter a nossa 102ª.Cimeira, no próximo dia 30, e vai ser em Benfica no RESTAURANTE OS MENINOS. Dei aqui a
CONVOCATÓRIA
recebida da nossa PM DINA:



"Amigas e amigos. aqui estou para vos comunicar onde será o nosso almoço mensal.

O restaurante será : " OS MENINOS " - Rua Quinta do Charquinho, 2B - Benfica.
É NESTE REATAURANTE ,AGORA CHAMADO OS MENINOS, QUE VAI DECORRER A NOSSA CIMEIRA
Quem vem da estrada de Benfica no final da Avenida do Uruguay há do lado esquerdo uma rotunda grande onde começa a rua do Charquinho , é o primeiro edifício do lado direito. Já lá almoçámos, embora nessa altura o restaurante se chamasse Dom João.
Mudou de gerência e de nome.

Vamos trincar .............. Entradas

-- Arroz de polvo
Sobremesa
Bebidas ( Vinhos e outras )
Café
Custo 15 €

Tenho de comunicar qual o número de bocas no domingo às 09.00h, preciso que confirmem , ou não até ao próximo sábado.
DINA"

quarta-feira, junho 17, 2015

A ESCRITORA PORTUGUESA HELIA CORREIA, VENCEU O PRÉMIO CAMÕES 2015

.
HELIA CORREIA VENCEU O PRÉMIO
CAMÕES 2015.


Hélia Correia vence Prémio Camões 2015

A vencedora foi escolhida por unanimidade pelo júri, que reuniu hoje no Rio de Janeiro. É um dos mais importantes prémios literários em português e já foi atribuído a Miguel Torga e Jorge Amado.

Hélia Correia nasceu em Lisboa em 1949. Licenciada em Filologia Românica, foi professora do ensino secundário, dedicando-se atualmente à tradução e à escrita. É poetisa, dramaturga e ficcionista. Estreou-se na poesia com O Separar das Águas, em 1981, e O Número dos Vivos, em 1982. Mas tem sido na ficção que se tem revelado “um dos nomes mais importantes e originais da sua geração”, escreve o gabinete de Barreto Xavier.

Hélia Correia já recebeu várias distinções, entre as quais o prémio PEN 2001, atribuído a obras de ficção, pela obra Lillias Fraser, e o PEN de poesia 2013 pelo livro A Terceira Miséria. Neste regresso à poesia, a escritora prestou homenagem “à sua Grécia” e aos problemas económicos e sociais que está a enfrentar desde o início da crise financeira.

A Casa Eterna (Prémio Máxima de Literatura, 2000), Bastardia (Prémio Máxima de Literatura, 2006) e Adoecer (Prémio da Fundação Inês de Castro, 2010) são alguns títulos da sua bibliografia. No ano passado, venceu a 23.ª edição do Grande Prémio de Conto Camilo Castelo Branco com a obra Vinte Degraus e Outros Contos.

A vencedora foi escolhida por unanimidade pelo júri, que reuniu esta quarta-feira no Rio de Janeiro, constituído por Rita Marnoto, professora da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra (Portugal), Pedro Mexia, escritor e crítico literário (Portugal), Affonso Romano de Sant’Anna, escritor e académico (Brasil), António Carlos Secchin, escritor e académico (Brasil), Mia Couto, escritor (Moçambique) e Inocência Mata, professora da Universidade de Lisboa e da Universidade de Macau (S. Tomé e Príncipe).

Instituído por Portugal e pelo Brasil em 1989, o Prémio Camões é um dos principais prémios de literatura em língua portuguesa. É atribuído o valor de 100 mil euros a um autor “cuja obra contribua para a projeção e reconhecimento da literatura de língua portuguesa em todo o mundo”, escreve a SEC.

Já o venceram 11 portugueses, entre os quais Miguel Torga, Vergílio Ferreira, José Saramago, António Lobo Antunes e Sophia de Mello Breyner Andresen. Também já houve 11 brasileiros vencedores, incluindo Jorge Amado, Rachel de Queiroz e, no ano passado, Alberto da Costa e Silva. O angolano Pepetela e o moçambicano Mia Couto também estão entre os distinguidos

segunda-feira, junho 15, 2015

PRELIMINARES

.
Preliminares

O pai chega pro filho e fala:

- Joãozinho, meu chefe vem jantar aqui em casa hoje
acompanhado do seu filho, que não tem as duas orelhas.
Pelo amor de Deus, comporte-se!
Não me sacaneie desta vez, pois eu preciso de uma promoção!

Tudo bem, papai! Não se preocupe! Desta vez vou me comportar bem!
O senhor vai ver que, se depender de mim, sua promoção virá!

Durante o jantar o Joãozinho falou pro menino sem as duas orelhas:

- Que Santa Luzia abençoe seus lindos olhos...!

Obviamente, ninguém entendeu o que estava
acontecendo com aquela "santa e doce criaturinha".

O pai ficou enternecido com o esforço de bondade
do filho que continuou a falar,
por mais algumas vezes pro menino sem as duas orelhas:

- Que Santa Luzia abençoe seus lindos olhos...!

O pai do menino sem as duas orelhas, emocionado,
olha pro pai do Joãozinho e comenta:

- Não estou acostumado a ver meu filho ser tão bem tratado!
Que criaturinha maravilhosa é seu filho!
E voltando-se pro Joãozinho pergunta:

- Por que o desejo de que Santa Luzia
proteja os lindos olhos do meu filho?

Ao que o Joãozinho responde:

- Porque se ele tiver de usar óculos, tá lichado!

quinta-feira, junho 04, 2015

JESUS EM ALVALADE

.
A TRANCA EM DIRECTO DE ALVALADE

A esta hora, à porta da SAD DO LEÃO, os suporters, uma multidão enfurecida, clama palavras de ordem contra Jesus e a favor de Marcus.
À janela , aparece muito aflito o dona da Loja Verde, um tal Brunus Bronchus, que tenta passar pela mãe de Jesus, para evitar que o filho seja apedrejado pela turbamulta em furia, e finge

-Não, malta, este não é o Messias, é apenas um amigo que me veio visitar

A multidão duviva e insiste

-Ele que se mostre, que deixe vêr o trombil.

Ela reage

-Vão -se embora , deixem este senhor em paz

A massa furiosa julga reconhecer o biltre que se está a passar pela adultera que enganou o José com o Espirito Santo,e armadilha uma pergunta:

-Mas tu não és a que andou embrulhada com o Sobrinho, filho cambota do Espirito Santo, que deu "um beiço" em Angola ?

Acovardado, o Bronchus,VENDO-SE APANHADO, puxou o Jesus para a janela, e a multidão gritou:

-Vai,vai,vai-te daqui, deixa a nossa Academia em paz, queremos os nossos meninos a jogar,FÓRA, FÓRA,FÓRA.......

quarta-feira, junho 03, 2015

O TERREIRO DO PAÇO, LISBOA, E O MAR

.
JÁ AQUI TINHA ANUNCIADO ESTE ESPECTÁCULO QUE
TEVE LUGAR NO TERREIRO DO PAÇO, FUI ATÉ LÁ
E....FIQUEI DESLUMBRADO



A Baixa está cada vez mais apelativa, e nunca perco a oportunidade de ir até lá. percorrer as ruas e as Praças, cutir a luminosidade das manhãs da cidade , as côres ,os cheiros, as pessoas..

Mas também gosto da Baixa ao lusco fusco, e à luz da noite.


Domingo, logo a seguir ao final do jogo da Taça, e à medida que as ruas se iam pintando de verde, desembarquei nos Restauradores e iniciei o caminho para o Terreiro do Paço, devagar, ao ritmo da conquista da cidade pela noite.


Rua Agusta fóra





E, finalmente o Terreiro do Paço, tivemos que esperar a chagada do escurinho da noite, para que o espectáculo de video-mapping pudesse resultar


o lusco fusco foi avançando e a contagem decrescente também



E no centro do Mundo, messa noite da cidade, assisti maravilhado a este espectáculo que trouxe o Mar às paredes contíguas ao Arco da Rua Augusta e que aqui partilho com os meus compamheiros da TRANCA



plus


Depois, foi o regresso cidade adentro





MERCEDES BLASCO

.
MERCEDES BLASCO UMA MULHER À FRENTE
DO SEU TEMPO, CORAGEM DE SE AFIRMAR
QUANDO ARRISCADO FAZÊ-LO, UMA ACTRIZ
ALENTEJANA



Mercedes Blasco

(Pomarão, Alentejo, 04-09-1870 – Lisboa, 12-04-1961)

Mercedes Blasco foi um dos vários pseudónimos da célebre divette de opereta e revista Conceição Vitória Marques, nascida em 1870 (embora haja registos que refiram o ano de 1867).


Mercedes Blasco
Mercedes Blasco, s.d. (postal ilustrado) [Arquivo TNDM II]

Os seus pais mudaram-se, pouco depois, para Huelva, na Andaluzia, onde Mercedes viveu até aos sete anos de idade. Regressou a Portugal com a sua família, que se instalou no Porto, onde foi despertado seu fascínio pelo teatro. Foi nessa cidade que, em 1888, ainda menor e à revelia da família, se iniciou no tablado, após ter fugido de casa. Estreou-se no Teatro Chalet, sob o pseudónimo Judith Mercedes Blasco, na Grande avenida, de Francisco Jacobetty. Passou depois por uma série de teatros da capital – Trindade, Condes, D. Amélia, Príncipe Real, Avenida, entre outros –, bem como por vários teatros em França, Reino Unido, Espanha, Itália e Bélgica. Realizou várias digressões por Portugal e pelo Brasil. Viveu, durante a I Guerra Mundial, em Liège, na Bélgica, onde se afastou do palco para ensinar as várias línguas que dominava. Foi, para além de atriz-cançonetista, jornalista, tradutora e autora de uma obra de cerca de 30 títulos.

Proveniente de um meio burguês e intolerante ao estigma social da profissão de atriz, a problemática paixão da jovem Mercedes pelo palco levou-a a fugir de casa para concretizar os seus sonhos, optando pela utilização de pseudónimos, de maneira a ocultar – da família – a sua atividade profissional. Foi desde cedo preparada para uma carreira na medicina, tendo acesso a uma educação acima da média. Este facto explica não apenas a cultura que revela na sua vasta obra literária, mas também o seu domínio de várias línguas, para além do português, – inglês, francês, espanhol, italiano e alemão – que viria a utilizar frequentemente na sua vida profissional, tanto em Portugal, como no estrangeiro.

A sua estreia ocorreu no Porto, com a companhia do Teatro Chalet, ao representar o papel masculino “Jockey” na Grande avenida de Francisco Jacobetty, uma paródia em um ato e 5 quadros da revista espanhola La Gran Via. O figurino atrevido que vestiu em cena deu origem ao primeiro escândalo da sua carreira, como testemunhou a própria Mercedes: “A minha frescura e sobretudo as formas, que uma malha mal vestida, por mão inexperiente, deixava sobressair nas suas mais recônditas provocações, fizeram-me um sucesso escandaloso” (BLASCO 1908: 45-46).

Terminada a temporada no Chalet, Mercedes seguiu com a companhia, na sua primeira digressão pelas províncias. Chegou, depois, a Lisboa – onde ficou conhecida apenas como Mercedes Blasco – para integrar uma sociedade artística dirigida pelo ator Santos Júnior, no Teatro do Rato, onde se estreou na revista Ás de copas, de Ludgero Vianna, a 15 de setembro de 1888. Todavia, Mercedes abandonou a revista após algumas representações, ficando, desse modo, sem contrato.

Recebeu, depois, uma proposta do empresário Francisco Palha para integrar o elenco do Trindade. Apesar de apreciar o talento de Mercedes, Palha fez-lhe uma oferta pouco atraente, levando a divette a recusá-la, o que adiou o seu sonho de representar no Trindade. Este fracasso levou-a de volta ao Porto, para uma passagem breve pelo Chalet. Foi-lhe oferecido, então, novo (e generoso) contrato no Trindade, pelo novo empresário Mattoso da Câmara. Mercedes estreou-se, assim, no Trindade, a 21 de outubro de 1890, na ópera cómica Mam’zelle Nitouche, espetáculo que assinalou o início de um período de crescimento profissional (Ibidem: 90). Ali representou até ao final de 1894. Durante este período conheceu os seus maiores sucessos em espetáculos como Miss Helyett, O brasileiro Pancrácio, O solar dos barrigas e na célebre revista de Sousa Bastos: Sal e pimenta.

Regressou, depois, ao Porto, para onde foi convidada, pelo maestro Thomas Del-Negro, a integrar a sua companhia que explorava, então, o Teatro D. Afonso. A proposta do maestro era muito superior aos valores até então oferecidos a Mercedes, que conheceu aqui um período de grande prosperidade económica. Realizou, de seguida, uma nova digressão pela província, em março de 1896, regressando depois a Lisboa, onde integrou, por pouco tempo, o elenco do Teatro D. Amélia e depois, na época 1896-1897, o elenco do Teatro da Rua dos Condes. Finda aquela época, Mercedes aceitou uma proposta de Sousa Bastos para realizar, entre agosto e outubro de 1897, a sua primeira digressão ao Brasil.

Integrou, ainda em 1897, a companhia de Pedro Cabral, instalada no Real Colyseu de Lisboa, na qual protagonizou vários êxitos, de entre os quais se destaca As farroncas do Zé (1898). Neste espetáculo, envolto em escândalo – como, de resto, era já habitual para Mercedes –, a atriz representava 14 papéis, entre eles a polémica Princesa de Caraman-Chimay, para o qual mandou vir de Paris um maillot – o primeiro alguma vez visto num palco português – “de corpo inteiro, de seda côr de carne […] e tao fino que veio dobrado dentro de uma pequena caixa de cartão, parecendo impossível que pudesse conter-se ali o invólucro de um corpo de mulher” (ibidem: 168). Relativamente a esta representação, o Jornal de Lisboa, de 22 de janeiro de 1898, relatou o seguinte: “No terceiro acto, Mercedes, que principiara a despir-se no primeiro […] despiu-se completamente para a exhibição de várias poses plásticas. Restou-lhe só o maillot, mais o véu ténue de gase que a enquadrava […]” (Ibidem: 169). Como se não bastasse a simulação de nudez em palco, Mercedes representou, também, um papel de Baiana, que a obrigava a “dançar à moda brasileira, meneando os quadris e fazendo um arremedo da dança do ventre” (Ibidem: 170).

Entre março e novembro de 1898, Mercedes fez a sua primeira viagem a Madrid para representar no Teatro Lara e no Teatro Moderno, voltando depois mais duas vezes: uma em 1901, outra em 1906. Em 1899, organizou uma companhia sua para uma digressão pela província. Integrou depois o elenco do Condes, passando a seguir para o Avenida. Nesta época, Mercedes, ainda solteira, encontrava-se grávida do seu primeiro filho, estado que a obrigava a utilizar figurinos que disfarçassem a sua condição.

Passou de forma fugaz por vários teatros de Lisboa e do Porto, voltando a engravidar, ainda solteira, em 1905, afastando-se entretanto do palco e da vida pública até ao parto do seu segundo filho. Nova digressão pelo Brasil teve início em 1908, após a qual Mercedes se dirigiu diretamente a Paris, dando início a uma longa temporada no estrangeiro representando em França, Itália, Reino Unido e Bélgica, e instalando-se neste último país com os dois filhos e o então marido Remi Ghekiere, um engenheiro belga.

Devido à ocupação da Bélgica pelos alemães, no decorrer da I Guerra Mundial, Mercedes ficou retida naquele país, recusando-se, por uma questão de princípios, a trabalhar em palco para animar o exército alemão, sendo, assim, forçada a encontrar trabalho noutra área, pelo que exerceu, em Liège, funções de professora de línguas. Esta atividade, com fraca remuneração, marcou o início de um período de fortes carências económicas que terão pesado na morte do seu primeiro filho. Ainda durante a guerra, voluntariou-se como enfermeira na Cruz Vermelha para auxiliar os soldados feridos, de entre os quais alguns portugueses que Mercedes ajudou a repatriar. Quando a guerra acabou, a atriz, já viúva, veio para Portugal com o seu filho mais novo – que haveria também de falecer, de tuberculose, em Lisboa, em 1922 – à espera de encontrar reconhecimento pelas suas ações durante a guerra, bem como pelo seu trabalho enquanto atriz. Todavia, para seu grande desgosto, não encontrou, na sua terra natal, o reconhecimento esperado, pelo que, tirando algumas aparições em palcos menores sem grande sucesso, a carreira de Blasco como atriz acabou por ter desfecho inglório.

O tão desejado reconhecimento pareceu, entretanto, chegar sob a forma de um projeto de lei, apresentado no Parlamento por Júlio Ribeiro, para a tornar societária do TNDMII. Aprovado a 10 de agosto de 1920, o processo conheceu um percurso acidentado, pois algumas pessoas não concordavam com a sua entrada no Teatro Nacional devido ao seu passado de estrela de opereta com pouca ou nenhuma experiência em teatro declamado (BLASCO 1924: 50). Quando foi formalizada a sua condição de societária, Mercedes nunca foi, efetivamente, chamada para trabalhar (BLASCO 1937: 67-68), facto que impossibilitou, mais tarde, o seu acesso ao Cofre de Reformas e Pensões para os artistas do Teatro Nacional. Dedicou-se, então, para sobreviver, à escrita, fabricando uma obra de mais de 30 volumes dispersos entre memórias, romances, novelas, peças de teatro, crónicas e traduções, bem como uma intensa atividade jornalística em vários periódicos de destaque, entre os quais O Século, A Capital, A Ilustração, o Diário de Lisboa, para os quais utilizava, para além de Mercedes Blasco, pseudónimos como Mam’zelle Caprice e Dinorah Noémia.

Como nos recorda Mário Elias, Mercedes “[f]oi uma mulher muito avançada para o seu tempo, exibindo sempre elevado sentido de liberdade e desprezo do preconceito” (1992: 11), como, aliás, podemos constatar não apenas pelo seu percurso de vida, repleto de escândalos e de ligações amorosas, mas também pela leitura das suas crónicas onde dissertou sobre a condição da mulher e respetivos direitos. O desprezo pelas convenções sociais é também visível no facto de Mercedes ter sido a primeira mulher a utilizar a bicicleta – não só em palco, mas também nas ruas de Lisboa, aqui como meio de transporte –, apesar das fortes críticas que tamanha ousadia suscitava. Mulher destemida, inteligente e trabalhadora, Mercedes Blasco trilhou sempre o seu próprio caminho que, apesar de ter sido marcado pela aventura e pelo sucesso, foi também um caminho de dissabores, com perdas dolorosas e fraco reconhecimento do seu talento, terminando, em 1961, na miséria e na solidão.



BLASCO, Mercedes (1908). Memórias de uma actriz. Porto: Editora Viúva Tavares Cardoso