..Em 1980, a JAPAN AIRLINES ofereceu ao RC -Controle de Reservas, 10
lugares num "interline" (viagens promocionais que as Companhias
aéreas ofereciam a funcionários de outras Companhias) de 10 dias à
Thailândia e Singapura, com viagem e hotel incluídos. A única
restrição era a de não ser extensivo a conjuges, só podendo ser
utilizado pelos funcionários do Controle de Reservas.
Como éramos na época perto de 50, fez-se um sorteio da totalidade
do staff da secção.
A restrição de que que falei, contudo, pesou bastante e muitos
foram os que desistiram, ficando, no final, a restar apenas 11 que
aceitávam a condição de viajar sem conjuge.
A 11ª. e ultima da lista era a Fernanda Gaspar, que acabou por vêr
a sua inclusão na lista ser aceite pela pela JAPAN.
Ao nosso grupo, haviam de ser juntar mais 17 companheiros de
profissão da IBERIA, presenteados com igual oferta.
O grupo TAP era constituído por: Canelas, Leal Marques, Irene,
Pereira Martins, Teresa Fonseca, Trudy, Norberto, José Herdeiro,
Idaldina (Dina), Fernanda Gaspar e Vaz.
Na véspera do início do "interline", que tinha partida de
Londres, voámos para a capital britânica, pernoitando no Hotel
Ritz-London, tendo-nos juntado no dia D, ao grupo da Ibéria, já em
pleno Aeroporto de Heathrow.
Já na sala de embarque, o Canelas, profetizou alta-voz, que quando
voltássemos da nossa epopeia, ninguém se falaria, pois tantos dias
juntos, iriam decerto saturar o ambiente entre nós.
E logo no decorrer do voo, levando a brincadeira até aos limites,
como era e é, apanágio do Canelas, iniciou o "crochet" da
discórdia, ante a hilariedade geral, abordando a Irene:
-Oh Irene, sabes que a Dina anda aí a espalhar que tu estás
gordìssima"...para logo depois ir ter com a Dina, acicatando:
-Oh Dina, eu não quero fazer intrigas, mas olha que a Irene anda a
dizer que tu não te sabes vestir. que tu te mascaras..."
E depois para os outros, em geito de confidência:
-"Tenho que arranjar de modo a que no fim ninguém se fale..."
Depois de escalarmos Roma, Dubai, Nova Dehli, num voo de 17 longas
horas, chegámos a Bangckock , por onde se iniciou o nosso programa.
Em Bangckock permanecemos 4 dias.
Logo à chegada ao Aeroporto, deparou-se-nos a primeira surpresa.
Alguém jogava o carrôme enquanto esperava, o que nos pasmou, pois
que sendo o nosso jogo favorito, na sala de convívio da Seccão,
nunca havíamos visto ninguém joga-lo fóra do RC.
Durante os quentes dias da capital Thailandesa, percorremos a
cidade de lés-a-lés, ora com um guia, que nos levou a visitar
monumentos espantosos, ora por conta própria, deambulando pelas
ruas e bares da frenética "night" da grande metrópole asiática,
assistindo a espectáculos indescritíveis, comendo as saborosas
iguarias orientais, quer em excelentes restaurantes, quer
simplesmente comprando folhas de palma a envolver porções de arroz,
em plena rua, assim como quem compra castanhas assadas em Lisboa.
Fóra da cidade visitámos o inenarrável mercado flutuante, navegando
numa piroga Thai com motor fóra de bordo, entre as palafitas, os
Jardins das Tílias, onde eu (Zé Herdeiro) e a Trudy, cavalgámos um
simpático elefante conduzido por um cornáca, que, equipado com um
enorme rádio, ouvia o que pensámos ser um relato de futebol...!!!

O O Canelas e a Trudy, com a sua boa disposição, ruidosa e
permanente, iam mantendo um ambiente divertido, e encantando a
todos, sobretudo os espanhóis da Ibéria, que nunca tinham visto
ninguém assim.
-"Después de conocer Trudy e Fernando, mi vida jamas sera la misma" ,
dizia, entre 2 gargalhadas o Paco (da Ibéria).
Uma tarde, quando saíamos do Hotel, para mais um giro pela baixa da
cidade, fomos rodeados, como era habitual, por dezenas (ou talvez
mais..!!) de locais, que nos tenavam vender tudo e mais alguma
coisa, desde mulheres para massagens, rapazes para o que se quizesse,
haxixe, LSD, taxis, guias, etc, etc...
Aí, o Canelas, "informou" a "concorrência", que "aquele grupo" (isto
é, nós) era dele, ele era o nosso guia, ponto final. Logo ali, um dos
tais "guias", tentou negociar com o Canelas, dividir os lucros que
resultariam de nos levar a umas lojas que ele conhecia, na base de
"fifty-fifthy...
Ao 4.º.dia voámos para Singapura, que foi para nós, a grande surpresa
da viagem.
A cidade, grande parte da cidade, sobretudo a chamada "down town". é
uma capital estilo europeia, mais ainda , estilo Londres, com ruas
semelhantes a Regent street, Oxford Street entre outras, e a sua
limpeza é tão agressiva, que até temos medo de fazer algo que a
possa sujar. Soubemos depois, que deitar um papel para o chão ou
cuspir custava ao infractor 500 dolares de multa...
Visitámos entre outros ex-libris da cidade, o Parque temático de
Tiger Balm, onde imperam figuras de banda desenhada oriental, como
alternativa às Disneywordls ocidentais.e as grandes zonas da cidade
de maioria chinesa e indiana, onde a oferta comercial é incrível e a
forma de negociar inenarrável.
A propósito , aí entrou de novo o Canelas e os seus métodos.
Entrámos todos num loja de indianos tendo o Canelas manifestado
intenção de comprar relógios de marcas que estavam na "bérra".
Instado, o empregado informou que o preço era de tantos dólares, ao
que o Canelas replicou: "E se eu comprar dez?"
Às tantas, o enpregado perguntou ao Canelas, se a Teresa era a
mulher dele, ao que ele respondeu:
-"Não, nós vivemos todos em promiscuidade, todos são de todos"
O indiano ficou estupefacto, e logo, logo, fomos rodeados pelo pleno
dos empregados e dono, que não pararam mais de fazer perguntas:
-Mas claro que é verdade, mentia o Canelas, lá no meu país,
Portugal, isto é muito comum".
Outro local não descritível por palavras, é a "zona travesti" de
Singapura. Uma enorne rua de esplanadas sem fim, onde circula a maior quantidade de "mulheres" mais bonitas e de corpos mais espectaculares que há no mundo.
Às tantas , e quando estávamos sentados numa dessas coloridas e iluminadas
esplanadas, uma "morena" , tipo "linda de morrer", calções dourados, justérrimos, aproximou-se da nossa mesa, e sem dizer palavra, sentou-se no joelho do Leal Marques, começando a afagar-lhe os pelos do peito.
O Luis, meio atrapalhado, lá balbuciou algumas palavras , perguntando-lhe:
"What your name?, who are you?"
"I.m a teacher, I teacht love...!!!
Isto dito com uma voz bem cavernosa, tipo Manuel Alegre...
Àquela rua, batizou-a o Canelas de Rua da Treta"
De Singapura, demos um salto a uma cidade fronteiriça da Malásia, chamada Johore Bahru, onde visitámos o Palácio Real.
Seguiram-se 3 dias espantosos, de regresso à Thailandia, desta feita em Pataya, numa das muitas praias famosas do país, tendo sido recebidos no Hotel Asia Pataya, com um enorme cartaz, colocado sobre a porta principal, e onde , para nosso espanto e agrado , se poda lêr:
WELCOME INTERLINE GUESTS STAFF OF TAP-AIRPORTUGAL AND IBERIA.
Num hotel de inúmeras estrelas, sobranceiro a uma paradisíaca pria privativa, com tratamento vip, pssámos os 4 últimos dias da nosa aventura oriental.
Pataya é de facto um paraíso, e as suas prias e noites são marcantes.
As luzes, as côres, os cheiros, as potentes motos de aluguer de alta cilindrada e marcas de top, como Kawazakys, Hondas, etcc, conduzidas por serôdios italianos, alemães e outros, a exibirem-se com lindissimas tailandesas de tenra idade na garupa, as esplanadas pejadas até altas horas da madrugada, são a imagem de marca dessa loucura que é Pataya à noite.
E foi no meio dessa balburdia, que encontrámos, naquele canto do mundo, o Ferrão e o Catarino, que se passeavam tranquilamente na confusão da noite de pataya.
Nem sequer sabíamos que estav am de férias, quanto mais na Thailândia.
Foi um encontro bizarro de colegas da mesma secção, que se cruzam a muitos mil Kilometros de casa...
Ainda em Pataya, passámos um dia na espantosa ilha do Coral. Deslocámo-nos em 2 etapas, primeiro num barco tipo cacilheiro, depois numa piroga com o fundo em vidro, para podermos desfrutar do espectáculo único dos corais multicôres e multiformes que , não muito fundo, atapetam o mar naquela paradisíaca ilha.
No regresso, de Pataya até Lisboa, foram 33 horas seguidas entre autocarro-avião (com escala em Bombaim, Abu-Dhabi, Roma e Londres).
Em Londres, enquanto esperávamos (6 longas horas) muito estafados, pela ligação para Lisboa, o Canelas, sempre bem disposto, triunfante, chamou a atenção. que salvo honrosas excepções , a sua previsão tinha saído certa....