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Arthur Schopenhauer

Arthur Schopenhauer (Danzig, 22 de Fevereiro 1788 — Frankfurt, 21 de Setembro 1860) foi um filósofo alemão do século XIX da corrente irracionalista. Sua obra principal é O mundo como vontade e representação, embora o seu livro Parerga e Paralipomena (1851) seja o mais conhecido. Schopenhauer foi o filósofo que introduziu o Budismo e o pensamento indiano na metafísica alemã. Ficou conhecido por seu pessimismo e entendia o Budismo como uma confirmação dessa visão. Schopenhauer também combateu fortemente a filosofia hegeliana e influenciou fortemente o pensamento de Friedrich Nietzsche.
Pensamentos de Arthur Schopenhauer
O pensamento de Schopenhauer parte de uma interpretação de alguns pressupostos da filosofia kantiana, em especial de sua concepção de Fenômeno. Esta noção leva Schopenhauer a postular que o mundo não é mais que Representação. Esta conta com dois pólos inseparáveis: por um lado, o objeto, constituído a partir de espaço e tempo; por outro, a consciência subjetiva acerca do mundo, sem a qual este não existiria. Contudo, Schopenhauer rompe com Kant, uma vez que este afirma a impossibilidade da consciência alcançar a Coisa-em-si, isto é, a realidade não fenomênica. Segundo Schopenhauer, ao tomar consciência de si, o homem se experiencia como um ser movido por aspirações e paixões. Estas constituem a unidade da Vontade, compreendida como o princípio norteador da vida humana. Voltando o olhar para a natureza, o filósofo percebe esta mesma Vontade presente em todos os seres, figurando como fundamento de todo e qualquer movimento. Para Schopenhauer, a Vontade corresponde à Coisa-em-si; ela é o substrato último de toda realidade.
A vontade, no entanto, não se manifesta como um princípio racional; ao contrário, ela é o impulso cego que leva todo ente, desde o inorgânico até o homem, a desejar sua preservação. A consciência humana seria uma mera superfície, tendendo a encobrir, ao conferir causalidade a seus atos e ao próprio mundo, a irracionalidade inerente à vontade. Sendo deste modo compreendida, ela constitui, igualmente, a causa de todo sofrimento, uma vez que lança os entes em uma cadeia perpétua de aspirações sem fim, o que provoca a dor de permanecer algo que jamais consegue completar-se. Segundo tal concepção pessimista, o prazer consiste apenas na supressão momentânea da dor; esta é a única e verdadeira realidade.
Contudo, há alguns caminhos que possibilitam ao homem escapar da vontade, e assim, da dor que ela acarreta. A primeira via é a da arte. Schopenhauer traça uma hierarquia presente nas manifestações artísticas, na qual cada modalidade artística, ao nos lançar em uma pura contemplação de Idéias, nos apresenta um grau de objetivação da vontade. Partindo da arquitetura como seu grau inferior, ao mostrar a resistência e as forças intrínsecas presentes na matéria, o último patamar desta contemplação reside na experiência musical; a música, por ser independente de toda imagem externa, é capaz de nos apresentar a pura Vontade em seus movimentos próprios; a música é, pois, a própria vontade encarnada. Tal contemplação, trazendo a vontade para diante de nós, consegue nos livrar, momentaneamente, de seus liames.
A arte representa apenas um paliativo para o sofrimento humano. Outra possibilidade de escape é apontada através da moral. A conduta humana deve voltar-se para a superação do egoísmo; este provém da ilusão de individuação, pela qual um indivíduo deseja, constantemente, suplantar os outros. A compreensão da Vontade faz aparecer todos os entes desde seu caráter único, o que leva, necessariamente, a um sentimento de fraternidade e a uma prática de caridade e compaixão.
Entretanto, a suprema felicidade somente pode ser conseguida pela anulação da vontade. Tal anulação é encontrada por Schopenhauer no misticismo hindu, particularmente o Budismo; a experiência do Nirvana constitui a aniquilação desta vontade última, o desejo de viver. Somente neste estado, o homem alcança a única felicidade real e estável.
A filosofia de Schopenhauer influenciou marcadamente vários pensadores, entre os quais destacam-se: Nietzsche, Hartmann, Simmel, Thomas Mann, Bergson, Freud e Augusto dos Anjos
Principais obras
1.Sobre a raiz quádrupla do princípio da razão suficiente (1813)
2.O mundo como vontade e representação (1819)
3.Sobre a Vontade da Natureza (1836)
4.Os Dois Problemas Fundamentais da Ética (1841)
5.Parerga e Paralipomena (1851)
6.Metafísica do Amor/Metafísica da Morte
7.A arte de se fazer respeitar
8.A arte de insultar
9.Sobre o ofício do escritor
10.A arte de ter razão
11.A arte de ser feliz
12.A arte de lidar com as mulheres
13.Aforismos para a sabedoria de vida
14.Sobre a vida universitária
15.Sobre o fundamento da moral
Cronologia
1788 - Nascimento de Schopenhauer em Dantzig, no dia 22 de fevereiro.
Kant: Crítica da razão prática.
1789 - Revolução Francesa
George Washington é o primeiro presidente dos Estados Unidos.
1790 - Kant: Crítica da faculdade de julgar.
1793 - Os Schopenhauer se mudam para Hamburgo.
1794 - Fichte: Fundamentos da doutrina da ciência em seu conjunto.
1800 - Schelling: Sistema do idealismo transcendental.
1800-1805 - Destinado por seu pai ao comércio, Schopenhauer realiza uma série de viagens pela Europa ocidental: Áustria, Suíça, França, Países Baixos, Inglaterra. Isso lhe rende um Diário de viagem e um excelente conhecimento do francês e do inglês.
Napoleão é imperador pela Europa.
Beethoven compõe a Heróica.
1805 - Suicida-se o pai de Schopenhaer; este permanece em Hamburgo, renuncia à carreira comercial para dedicar-se aos estudos dos liceus de Gota e de Weimar, e sua mãe muda-se para Weimar.
Napoleão é rei da Itália.
1807 - Hegel: A Fenomenologia do Espírito.
1808 - Fichte: Discurso à nação alemã.
Goethe: As afinidades eletivas e Fausto (primeira parte).
1811 - Ingresso de Schopenhauer na Universidade de Berlim, onde estuda filosofia.
1813 - Schopenhauer: Da quádrupla raiz do princípio da razão suficiente (tese de doutorado).
Nascimento de Kierkegaard.
1814 - Schopenhauer rompe relações com a mãe e muda-se para Dresden.
Napoleão abdica e se retira para a ilha de Elba.
Morre Fichte.
1815 - Derrota de Napoleão em Waterloo. O Congresso de Viena reorganiza a Europa sob o signo da Santa Aliança.
1816 - Schopenhauer: Da visão e das cores.
1818 - Hegel na universidade de Berlim, onde lecionará até a sua morte.
1819 - Schopenhauer: O mundo como vontade e representação.
1820 - Schopenhauer começa a lecionar em Berlim com o título de privat-dozent. Fracassa.
1825 - Nova tentativa na universidade de Berlim. Novo fracasso. Schopenhauer renuncia à docência e passa a viver daí em diante com a herança paterna.
1830 - Hegel: Enciclopédia das ciências filosóficas (edição definitiva).
1831 - Morre Hegel.
1832 - Morre Goethe.
1833 - Schopenhauer estabelece-se em Frankfurt, onde residirá até sua morte.
1836 - Schopenhauer: Da vontade na natureza.
1839 - Schopenhauer recebe um prêmio da Sociedade Norueguesa de Ciências de Drontheim por uma dissertação sobre "A liberdade da vontade".
1840 - A dissertação "Sobre o fundamento da moral" não recebe prêmio da Sociedade Real Dinamarquesa de Ciências de Copenhague.
1841 - Schopenhauer publica suas duas dissertações de concurso sob o título de Os dois problemas fundamentais da ética.
Feuerbach: A essência do cristianismo.
1843 - Kierkegaard: Temor e tremor.
1844 - Schopenhauer: O mundo como vontade e representação, segunda edição acompanhada de Suplementos.
Stirner: O único e sua propriedade.
Marx e Engels: A sagrada família ou Crítica da crítica crítica contra Bruno Bauer e sócios.
Kiergaard: O conceito da angústia.
Nascimento de Nietzsche.
1846 - Comte: Discurso sobre o espírito positivo.
1848 - Marx e Engels: Manifesto do Partido Comunista.
Revolução na França e na Alemanha. Sua correspondência confirma que Schopenhauer desejou e apoiou a repressão em Frankfurt.
1851 - Schopenhauer: Parerga e Paralipomena. Êxito e primeiros discípulos, Frauenstädt, Gwinner etc.
1856 - Nasce Freud.
1859 - Darwin: A origem das espécies.
1860 - Schopenhauer morre em 21 de setembro